“O Bangu Atlético Clube é forte e vive dentro de cada um de nós. Sua sublime história e o seu caráter pioneiro continuam vibrando intensamente em cada coração banguense” (Luiz A. Vila Flor)

terça-feira, 15 de maio de 2018

O mais contundente e belo discurso contra o autoritarismo e a intolerância no futebol brasileiro

O Bangu Atlético Clube sempre foi um Clube preocupado com a inclusão social, pensamento superior herdado das administrações da Fábrica de Tecidos Bangu, que, principalmente na primeira metade do século XX, tinha como conceito fundamental o implemento do bem estar social para os seus funcionários. Como os primeiros jogadores do time de futebol eram funcionários da Fábrica, estes conceitos foram sendo assimilados também pelo Clube.

Apesar de quase todos saberem o que é FASCISMO, nunca é demais registrar o que o Dicionário Caldas Aulete Digital nos apresenta sobre esse vocábulo.
Fascismo
(fas.cis.mo)
Singular, masculino.
1. Política: Regime político nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrático, com base na força, na censura e na supressão violenta da oposição, como o imposto por Benito Mussolini (1883-1945) na Itália em 1922;
2. Por extensão: Tendência para o autoritarismo e a intolerância;
3. Atitude, procedimento de pessoa fascista.

A segunda definição nos dá segurança para podermos afirmar que era fascista as concepções da Liga Metropolitana de Sports Athléticos, no início do século XX.
Logotipo da Liga Metropolitana de Sports Athleticos.
(Fundada em 29/02/1908)
Com o seu pioneirismo na inserção de operários e negros no futebol brasileiro, o Bangu sofreu fortes pressões dos clubes aristocráticos da cidade do Rio de Janeiro, mas resistiu a todas as forças coercivas.
Francisco Carregal, o primeiro negro a atuar no futebol carioca.
(Ao centro, na fila de baixo - sentado.)
Exemplo caro de coerção foi a reação da referida Liga à decisão do clube proletário em manter em seu time os negros Francisco Carregal (atacante) e Manoel Maia (goleiro), proibindo as “pessoas de cor” de serem registradas como atleta amador na entidade.
Manoel Maia, um dos negros pioneiros a atuar no futebol carioca.
(Ao centro, na primeira fila - em pé.)
No dia 2 de maio de 1907 o Bangu recebeu um telegrama da Liga com o seguinte teor: "Comunicamo-vos que a diretoria, em sessão de hoje, 1º de maio de 1907, resolveu, por unanimidade de votos, que não sejam registradas, como atleta amador, as pessoas de cor. Para os fins convenientes, ficou deliberado que todos os clubes filiados se oficiaria nesse sentido a fim de que, ciente desta resolução e de acordo com ela possam proceder". 

O alvi-rubro proletário não se intimidou com essa decisão eivada de fascismo. Manteve os jogadores negros e abandonou a Liga, só retornando 10 anos depois.

Em 1916, temerosa com o substancial número de jogadores negros no Andaraí e principalmente no Bangu, a Liga Metropolitana urdiu a Lei do Amadorismo, que, preconceituosamente, impedia homens de "profissões inferiores" de participar do Campeonato Carioca. Incluem-se como "inferiores", os operários, os chauffers, os estivadores, entre outros.
Ao centro podemos ver o Presidente do Bangu AC, Noel de Carvalho.
À esquerda: Francisco Campos (2º Secretário) e Guilherme Pastor (1º Secretário).
À direita: Antenor de Carvalho (Vice-Presidente) e Francisco Carregal (Tesoureiro).
Mas a lei reacionária e de concepção fascista esbarrou na figura do escritor, poeta e orador Noel de Carvalho, na época presidente do Bangu. Seu determinismo impregnado dos mais superiores conceitos de justiça e equidade social foi fundamental para que a lei reacionária, preconceituosa e fascista não fosse aprovada pelos membros da Liga.

Em um de seus discursos o poeta assim se indignou:

"Mas não é uma pretensão abaixo de qualquer crítica o fato de qualificar a Liga Metropolitana de mau elemento o operário a ponto de negar-lhe co-participação nas suas lides esportivas? Será possível que os membros da Metropolitana estejam convencidos de que a moralidade aumentará no seu seio com a exclusão do operário, quando não há um fato sequer, por menos grave que seja, que se tenha passado na sua vida esportiva que provenha dos clubes ora atingidos por essa lei? Será possível que um homem honesto e justo seja qual for a sua posição na sociedade, sinta-se vexado e desonrado em ombrear com outro homem de qualidades idênticas, só pelo fato de ser este operário?".

Bastaram essas palavras, impregnadas de verdades e respeito ao Homem, proferidas por um grande homem, de colossal retidão, para que os fascista que comandavam o futebol carioca, arrefecessem suas pretensões fascistas.

No início dos anos trinta o Bangu ainda liderou o movimento pelo profissionalismo no futebol carioca. Bangu, América, Fluminense e Vasco resolveram fundar Liga Carioca de Football – LCF, enquanto Botafogo, Flamengo, Bonsucesso e São Cristóvao foram contrários a essa decisão, vejam que hipocrisia, "em nome dos interesses e das tradições do esporte carioca". 

Fontes: Bangu.NET / Wikipédia / ABI (Pte. 1) / Aulette Digital

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Convite para o XIII Encontro Candando - Brasília - 26/05/2018
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2006 - 2018
Faltam 11 dias para o 13º Encontro Candando, em Brasília.
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Selo Comemorativo - 85 anos do título de 1933
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12/11/1933 - 12/11/2018
Faltam 181 dias para os 85 anos do histórico título de 1933.
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